Tenho pena de só ter lido esse poderoso texto tanto tempo depois, na madrugada de um sábado para domingo, quando devia estar dormindo - e já agora, não sei se vou conseguir… Senti nele um ar de família. Olhar sideradamente para a realidade - mesmo sob a forma de um elegante antirrealismo bem educado - dá vertigem, e sentir que há por perto pessoas com paraquedas diferentes, mas no mesmo tombo é apaziguador. Meu querido Baudrillard, com quem fiz meu pós-doutorado (perdi Foucault para a morte, por um mês!) deu régua e compasso para a compreensão da precessão dos simulacros. (Acredito que a referência a ele tenha sido a esse excelente ensaio.) Viver entre simulacros, ver a realidade arrastada na sarjeta (desde Descartes pelo menos), no contexto da tal pós-verdade é uma boa pimenta para o pensamento que se inquieta. Bom ver que se está em boa companhia.
Digo o mesmo, professor, especialmente ao me reconhecer em cada palavra do seu comentário. É bem isso: perceber que, na prática, a tal da pós-verdade instaura e torna patente o que, na teoria, já vinha sendo dito (ao menos) desde Heidegger. De fato, minha referência é ao "Simulacros e simulação", que só li muito recentemente - e, naturalmente, sem o privilégio de ter conhecido o autor que nos deixou quando eu estava ainda terminando minha graduação. Sartre já não dizia, na primeira página de "O ser e o nada", que "o pensamento moderno realizou um progresso considerável ao reduzir o existente à série de aparições que o manifestam"? Acho que essas alegações eram trovões distantes, que anunciavam a chuva fina que cai sobre nós e que, parece, vai durar. Uma vez mais, muito obrigado pelo comentário que tanto me alegra. Quanto ao livro de Tugendhat, infelizmente a continuidade da leitura foi interrompida pelos deveres de ofício que me exigiram deixá-la para depois.
Tenho pena de só ter lido esse poderoso texto tanto tempo depois, na madrugada de um sábado para domingo, quando devia estar dormindo - e já agora, não sei se vou conseguir… Senti nele um ar de família. Olhar sideradamente para a realidade - mesmo sob a forma de um elegante antirrealismo bem educado - dá vertigem, e sentir que há por perto pessoas com paraquedas diferentes, mas no mesmo tombo é apaziguador. Meu querido Baudrillard, com quem fiz meu pós-doutorado (perdi Foucault para a morte, por um mês!) deu régua e compasso para a compreensão da precessão dos simulacros. (Acredito que a referência a ele tenha sido a esse excelente ensaio.) Viver entre simulacros, ver a realidade arrastada na sarjeta (desde Descartes pelo menos), no contexto da tal pós-verdade é uma boa pimenta para o pensamento que se inquieta. Bom ver que se está em boa companhia.
Digo o mesmo, professor, especialmente ao me reconhecer em cada palavra do seu comentário. É bem isso: perceber que, na prática, a tal da pós-verdade instaura e torna patente o que, na teoria, já vinha sendo dito (ao menos) desde Heidegger. De fato, minha referência é ao "Simulacros e simulação", que só li muito recentemente - e, naturalmente, sem o privilégio de ter conhecido o autor que nos deixou quando eu estava ainda terminando minha graduação. Sartre já não dizia, na primeira página de "O ser e o nada", que "o pensamento moderno realizou um progresso considerável ao reduzir o existente à série de aparições que o manifestam"? Acho que essas alegações eram trovões distantes, que anunciavam a chuva fina que cai sobre nós e que, parece, vai durar. Uma vez mais, muito obrigado pelo comentário que tanto me alegra. Quanto ao livro de Tugendhat, infelizmente a continuidade da leitura foi interrompida pelos deveres de ofício que me exigiram deixá-la para depois.
Num domingo à tarde, resumo assim, em gauchês, sem pensar na parte que me toca: baita escrito, carajo!
Poxa, professor... Vou tentar acreditar. Abraço!